Amor e ódio, por Val Carvalho

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Estimulada pela cobertura discriminatória da grande mídia, a parte desumanizada da sociedade brasileira via no incêndio do prédio de São Paulo apenas um imenso forno crematório para exterminar sem-teto. Para esses nazistas disfarçados de coxinhas, era “tudo vagabundo, tinha que morrer mesmo”, como postavam nas redes sociais.

Como se costuma dizer, o Brasil não é para principiante e nem é possível lhe rotular. É muito grande e complexo demais. Enquanto uma parte dissemina o ódio aos pretos, pobres e às esquerdas, outra parte ama o próximo. E a parte que odeia nem é aquela ínfima minoria de super-ricos. Esta não odeia os pobres, apenas os despreza, mas, claro, procura mantê-los sob seu controle por meio da instrumentalização ideológica do ódio plantado em uma minoria social que se sente privilegiada.

Contudo, não se combate ódio com ódio. Isso só o faz aumentar ainda mais, atingindo sempre a parte mais fraca. O ódio se combate com o perdão. É uma ideia presente em várias tradições espirituais, como o cristianismo e o budismo, por exemplo, mas que reflete a experiência milenar de convivência da humanidade. E isolado numa prisão de Curitiba está aquele que, por também ser de origem pobre, mostrou o seu amor pelos socialmente excluídos com a realização das políticas de inclusão social e educacional.

A força da palavra de Lula está em sua verdade inquestionável, pois o que defende, já fez quando era governo. Seu mito cresce e ele renasce politicamente da memória que o povo tem de seu governo. Por isso, mesmo preso, Lula continua o favorito em todas as pesquisas eleitorais.

É em nome dessa ampla massa de deserdados, onde muitos deles nem sempre o compreende e às vezes, levados pela propaganda envolvente do inimigo de classe, o xinga e difama, que Lula está sempre disposto a perdoá-los. A cabeça da serpente fascista tem de ser derrotada, mas quem foi envenenado por ela precisa ser compreendido e muitas vezes perdoado em nome de um novo pacto democrático pela reconstrução de um Brasil mais humano, mais justo e soberano.


Val Carvalho é militante histórico do Partido dos Trabalhadores.

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